Muita gente costuma traçar estereótipos de algumas raças de cachorros: chihuahuas são nervosos; border collies são hiperativos; golden retrievers são ótimos com crianças; e, o mais preocupante, algumas raças grandes – como o pit bull terrier americano e o rottweiler – são agressivas.

Mas um trabalho de pesquisa publicado recentemente por cientistas que estudam a ligação entre genética e comportamento canino sugere que nossas noções preconcebidas podem estar erradas. A raça significa muito pouco para prever o comportamento e a personalidade de um cão individual, descobriram os pesquisadores. Isso parece ser especialmente verdadeiro para os traços mais comumente associados à personalidade de um cão, qualidades como carinho, amizade com estranhos e agressividade.

“A aparência do cachorro não vai realmente dizer como ele age”, disse Marjie Alonso, coautora do estudo e diretora-executiva da Fundação IAABC. O estudo, publicado na Revista Science, analisou os genes de mais de 2.000 cães combinados com 200 mil respostas de pesquisas de donos de cães sobre o comportamento de seus animais de estimação. Os pesquisadores examinaram dados apenas de cães que vivem principalmente como animais de companhia e não estudaram como os genes influenciam os cães de trabalho criados para realizar tarefas específicas.

A raça representou apenas cerca de 9% da variação comportamental em cães individuais e nenhuma característica era exclusiva de uma única raça de cão, segundo o estudo. Os pesquisadores especulam que grande parte das diferenças entre os cães se resume a experiências individuais, treinamento e outros fatores ambientais.

Embora alguns traços parecessem coincidir com as crenças existentes sobre raças, outros contradiziam estereótipos arraigados. Labrador e golden retrievers, em média, pontuaram alto em “sociabilidade humana” – uma medida de quão receptivo um cão é a pessoas desconhecidas. Essa descoberta anda de mãos dadas com a reputação dessas raças como cães amigáveis. Mas os pit bull terriers americanos, uma raça proibida em algumas cidades e muitas vezes não tem permissão para viver em complexos de apartamentos por causa da crença de que é agressivo e destrutivo, também teve alta pontuação na sociabilidade humana, segundo o estudo.

Assim como a raça, o tamanho do cão quase não teve efeito nas diferenças de comportamento entre cães individuais, segundo o estudo. Isso quer dizer que você nunca terá um chihuahua do tamanho de um dog alemão, e você nunca terá um dog alemão do tamanho de um chihuahua, mas você pode definitivamente ter um chihuahua que age como um dog alemão, e você pode ter um dog alemão com a mesma personalidade de um chihuahua.

Alguns traços eram mais propensos a serem associados a certas raças – mas na maioria das vezes tinham a ver com comportamentos funcionais, como uivar, apontar, recuperar, pastorear e brincar com brinquedos. Em média, beagles e cães de caça são mais propensos a uivar. Ponteiros alemães de pelo curto são mais propensos a apontar. As raças de pastoreio tendiam a ser mais dóceis – ou facilmente treinadas – e brincavam mais com brinquedos do que outras raças.

Os autores do estudo disseram que acabar com estereótipos sobre nossos cães pode ajudar as pessoas a fazerem escolhas mais conscientes na hora de ter animais de estimação e também pode afetar leis e políticas específicas da raça que impedem as pessoas de possuir determinados cães.


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